Instituto SIGILO e Ministério Público Federal atuam em ação que pode levar a empresa a indenizar 223 milhões de brasileiros com R$ 30 mil cada
Apesar de realmente ainda não existir nenhuma decisão judicial que determine, por enquanto, o pagamento de uma indenização de R$ 30 mil para cada consumidor que teve os dados vazados pelo SERASA, ao contrário do que afirma um vídeo vazado nas redes sociais na semana passada, o Instituto SIGILO (Instituto Brasileiro de Defesa da Proteção de Dados Pessoais, Compliance e Segurança da Informação) esclarece que o processo relacionado ao assunto é fato verídico e se encontra em fase de produção de provas neste momento. Desta forma, o desfecho pode sim levar a empresa a ter que ressarcir os consumidores brasileiros de acordo com os valores citados.
A mais recente polêmica sobre o caso foi o surgimento de um vídeo postado em plataformas como Instagram, TikTok e Kwai, que se utiliza inclusive de falas do presidente Lula, cita números de CPFs e o próprio Instituto SIGILO com uma mensagem confusa, dando a entender, em alguns momentos, que o processo já teria chegado à sua fase conclusiva com a condenação do SERASA.
Neste sentido, o fundador e presidente do SIGILO, Victor Hugo Pereira Gonçalves, esclarece que oficialmente a tramitação do processo ainda não chegou ao seu final:
“O processo está em fase de produção de provas e nós estamos trabalhando para juntar aos autos uma petição contendo o maior número possível de consumidores identificados como possíveis vítimas da exposição ilegal de suas informações”.
Victor Hugo Pereira Gonçalves
Ele explica que o caso vem tramitando na justiça desde 2021, quando o SIGILO denunciou o SERASA de ter vazado junto a terceiros as informações pessoais de um volume superior a 223 milhões de brasileiros. Os dados pessoais referem-se à definição de perfis para a sua futura comercialização, tais como os de comportamento dos consumidores na internet, históricos de compras, além de endereços de e-mail, de dados da Previdência Social, de renda, da Receita Federal, e até a possibilidade de acesso a dados de cartões de crédito e de débito. A entidade pede, dentre outras providências, uma indenização por danos morais de R$15 mil a cada pessoa prejudicada.
No ano passado, o Ministério Público Federal (MPF), por meio de uma iniciativa da Procuradora da República, Karen Louise Jeanette Kahn, tornou-se coautor da Ação Civil Pública, pedindo a ampliação da indenização para R$ 30 mil.
Desde então, o Instituto SIGILO desenvolve uma campanha online chamada “Assine a Petição contra o Mega Vazamento de Dados”. O objetivo é juntar aos autos da ação uma petição com a assinatura de todos os interessados que desejarem participar. “O Instituto SIGILO acredita que a participação popular é o caminho para a conscientização”, explica.
Além da multa de R$ 30 mil a cada vítima, o MPF pede que a Serasa seja condenada a pagar multa pelos danos causados a toda a sociedade, em valor equivalente a até 10% do seu faturamento anual no último exercício. O montante, no entanto, não pode ser inferior a R$ 200 milhões.
Sobre O SIGILO
O Instituto SIGILO foi criado em 2019 com a finalidade de construir coletivamente soluções a problemas relacionados às áreas de proteção de dados pessoais, segurança da informação e compliance.
Consideramos que estas situações são tratadas geralmente após a ocorrência dos fatos e de maneira superficial, portanto, sem enfrentar toda a complexidade que envolve estes temas.
Sendo assim, o Instituto desenvolve esforços para influenciar a formulação de políticas e a alocação de recursos públicos para soluções em segurança da informação, proteção de dados pessoais e compliance, educação, câmara de mediação e arbitragem, relatórios de incidentes de segurança da Informação e consultoria. Para mais informações acesse: https://sigilo.org.br/